Aproximadamente 95% das pessoas afetadas apresentam a deleção de uma cópia do gene transmitida pela mãe e a outra pelo pai.

A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença neuromuscular caracterizada por degeneração e perda de neurônios motores da medula espinal e do tronco cerebral, resultando em fraqueza muscular progressiva e atrofia. Hipotonia, paralisia, arreflexia, amiotrofia e miofasciculação constituem os sinais definidores da doença.

A AME é a segunda doença recessiva letal mais comum em caucasianos (pessoas de pele branca com origem europeia), com uma incidência estimada de 1 em 10.000 nascidos vivos.

A doença é classificada com base na idade de início e curso clínico:

  • Grupo I – forma mais severa e pode se manifestar ainda no útero;
  • Grupo II – forma intermediária da doença e se manifesta entre 3 e 15 meses de idade;
  • Grupo III – forma menos severa, e pode se manifestar a partir dos 2 anos até a vida adulta.

Nenhuma das formas da doença tem cura definitiva. No entanto, alguns cuidados são indispensáveis nos pacientes afetados, que ajudam a manter a função muscular: fisioterapia e aparelhos ortopédicos. O diagnóstico clínico e a confirmação genética são de fundamental importância, para que estes cuidados se iniciem o mais cedo possível.

A AME é uma doença genética e hereditária, causada por mutações no gene SMN1. Aproximadamente 95% dos indivíduos afetados apresentam a deleção de ambas as cópias do gene (uma cópia transmitida pela mãe e a outra pelo pai).

Pessoas que tem apenas uma única cópia mutada do gene, não terão sintomas da doença, mas são portadoras, ou seja, se tiverem filhos com outra pessoa que também tem uma única cópia mutada, os mesmos têm 25% de chance de serem afetados. Sendo assim, o risco de recorrência em cada gravidez subsequente também é de 25%. Neste contexto, é fundamental que os pais realizem aconselhamento com um geneticista, principalmente nos casamentos consanguíneos.

O exame nos pais de um indivíduo afetado também é fundamental, pois apesar de pequena (aproximadamente 2% dos casos), existe a chance de que uma das mutações no filho tenha sido adquirida na formação específica do óvulo ou espermatozoide que deu origem àquele indivíduo, e não herdada dos pais. Sendo assim, a chance do casal ter outro filho afetado é mínima.

O exame genético, que confirma o diagnóstico baseado nas características clínicas, consiste na análise dos genes SMN1 e SMN2. Apesar da doença ser causada por mutações no gene SMN1, o número de cópias do SMN2 pode modular o fenótipo clínico, determinando a severidade da doença. Portanto, o ideal é realizar a análise dos dois genes.

O primeiro exame indicado para pacientes com suspeita de Atrofia Muscular Espinhal é a análise da deleção do gene SMN1, pois esta é a mutação mais frequente. Em seguida é importante confirmar também o número de cópias do gene SNM2 pois esta alteração está associada à gravidade do fenótipo e à idade de aparecimento dos sintomas.

Em pacientes que apresentarem deleção de apenas uma cópia do gene SMN1, o indicado é realizar o sequenciamento do gene, para determinar se existe mutação na cópia que não está deletada.

Resumindo, aproximadamente 95% dos casos de AME são causados pela ausência das duas cópias do gene SMN1 (deleção em homozigose); 2 a 5% apresentam perda de uma das cópias (deleção em heterozigose) e mutação de ponto na outra cópia do gene SMN1. Em alguns casos, uma das cópias de SMN1 é convertida em SMN2.

No Brasil, as normativas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos de saúde no país, determinam que o exame para a Atrofia Muscular Espinhal é de cobertura obrigatória em pacientes sintomáticos.

Apesar de não haver cura para a doença, alguns estudos têm revelado estratégias importantes de tratamento. Recentemente, o primeiro medicamento para Atrofia Muscular Espinhal foi aprovado nos EUA. Para ter indicação para futura prescrição do medicamento, é fundamental que se haja a confirmação genética da doença, através da análise dos genes SMN1 e SMN2.

Por Daíse Sás – MSC Genetics – Genotyping

Fonte: genotyping.com.br